terça-feira, 22 de março de 2011

Plastic surgery addicted?

Tá! Morta de medo, há quase um ano atrás, encarei um centro cirúrgico, mas não como estudante. Foi como paciente mesmo! Entrei naquele Day Hospital com mais medo que tudo na vida. Tomei um Dormonid que me deixou mais acesa e chorando. Entrei andando no centro, totalmente consciente, ainda chorando e com minha mãe me olhando pela porta. Estava sozinha, prestes a me submeter a uma cirurgia que pra mim era mais que estética. Essa cirurgia era uma questão de saúde mental. A anestesia foi bloqueio raquimedular, cujo acesso foi tentado várias vezes e o único motivo de dor no pós-operatório. O propofol que me deram na veia não fez efeito imediato. "Conte até 10" e eu contei até 50 e nada! Aí foi mais uma de propofol com midazolam e eu finalmente apaguei. Foi uma sensação maravilhosa! Mas no meio da cirurgia eu acordei, depois dormi, falei besteira, enfim, coisas de uma paciente resistente a qualquer dessas medicações! A cirurgia durou 1h a mais que o previsto e até hoje não sei o motivo. Mas faria tudo de novo! As próteses são lindas, estão super bem posicionadas, com a transição perfeita. A primeira coisa que falei quando acordei foi que queria roupas novas. Não lembro, são relatos de minha mãe e minha avó. Eu ainda estava sob esfeito da anestesia e já
a estava radiante. Mas aí veio o problema! Tudo foi tão imediato, tão maravilhoso, que eu fiquei na maior vontade de tomar aquele propofol de novo mais umas vezes. Uma rinoplastia, uma lipoaspiração e uma cirurgia ortognática. Sendo que esta última foi indicada a 14 anos atrás e eu tive medo de fazer. Mordida aberta, cruzada e algumas coisas mais que eu ainda não entendo. Gente! Mas dormir de um jeito que voce achava ruim e acordar perfeita é o método terapeutico mais eficaz que eu já conheci! Viciei? Não sei! Só fico imaginando que as pessoas geralmente falam que nós escolhemos nossas especialidades médicas por conta de nossos anseios. Estou começando a acreditar que isso é verdade. Depois de uma vida envergonhada pela hipomastia severa, eu me orgulho do meu silicone. Quero isso pros meus pacientes. Esse tratamento imediato pra sensações psíquicas. Essa coisa de acordar e mesmo com todo o inchaço ter a maior satisfação do mundo. É assim que eu vejo minha futura especialidade. Uma cura imediata pra um sentimento ruim. Sem psquiatra, sem mediação, alí, na hora! E quem quiser que ache fútil. E se quiser me achar viciada, ache também! Só quero mesmo dar a todos que quiserem a mesma sensação que eu esperei quase 10 anos pra sentir... Extase! Acho que é isso!

terça-feira, 8 de março de 2011

Reflexões de mil e poucos anos

Não pensei que iria voltar a escrever filosoficamente um dia, visto que com o passar dos anos fui me tornando cada vez mais fria e objetiva. Pode ser culpa da Medicina, sei lá. A pergunta não é se sente alguma dor, mas se dói a cabeça. Você já não se importa mais em ver tanta gente doente a sua volta quando tem 5 anos de rotina com essas situações. Vida e morte pra você são como tomar banho ou beber agua. Coisas naturais, coisas que acontecem. Você entra na cirurgia da pessoa que você mais ama no mundo, vê ela sendo intubada, sondada, cortada e ainda pergunta calmamente qual o tipo de anestésico foi utilizado e se o antibiótico já foi feito. Assim a Medicina nos torna verdadeiras rochas, fortes, que não choram, que são maiores que o mundo, que andam de branco porque se parecem com anjos (já disse aqui antes que anjos não têm asas), que flutuam nos hospitais, porque se acham deuses, porque curam, porque algumas vezes devolvem à pessoa aquilo que ela queria de volta. E friamente vão dormir em suas casas, mais médicos do que nunca, menos humanos do que quando entraram na faculdade. Pensei mesmo que nunca mais fosse filosofar diante disso tudo. Diante da frieza a qual meu coração tomou conta. Diante de tantas rochas que estão a minha volta. Diante da armadura que eu uso, em forma de jaleco branco (com detalhes verdes, ou rosas, ou azuis, a depender do dia). Mas eu descobri que médicos (ou quase médicos) também choram. E isso não os torna menos fortes. Tudo pode parecer muito normal, ainda mais pra uma quase médica que sobretudo é espírita. Pra uma pessoa que acredita em vida após a morte, que vê anjos algumas vezes, que já se comunicou com pessoas mortas, pra essa pessoa a morte nada mais é do que literalmente trocar de roupa. A morte é apenas a passagem pra um lado melhor, ou talvez pior, não sei, ainda não o conheci. Alias, o conheci, mas não me recordo. Sei que não foi à toa que vim nesta vida como médica. Lá em cima eu escolhi ser médica. Como em várias outras vidas eu sempre julguei, resolvi chegar neste mundo pra ajudar. Escolhi um caminho mais curto para a evolução da minha alma, o amor, a caridade, a doação. E mesmo que tudo pareça tão óbvio e normal, mesmo que naquela cirurgia eu não tenha sentido nem um friozinho na barriga (ainda que a pessoa que eu mais amo já tenha 81 anos), eu sei que eu escolhi ser médica lá em cima porque eu não queria mais julgar. E aqui na terra, sem saber das minhas decisões antes de reencarnar, eu tentei enveredar pelo caminho do julgamento, como fiz tantas outras vezes, mas desta vez eu desisti no meio do caminho. Desisti e chorei, porque por mais fria que a Medicina me torne, ainda assim eu estarei fazendo o bem às pessoas. E em 5 anos de frieza e fortaleza, eu nunca me arrependi da escolha que fiz. Hoje sei de algumas coisas sobre meu passado, já bem passado, de mil e poucos anos atrás. Hoje sei o motivo de cada lágrima, de cada pedra no caminho. Não recordo das outras vidas. Não sei pelo que passei durante todos esses mil e poucos anos e tantas reencarnações para evoluir uma alma que precisa. Só sei que estou aqui porque todas as pedras que me serão postas no caminho, eu conseguirei passar. E eu consegui escolher a Medicina e largar o Direito de maneira inconsciente porque de alguma forma eu já evolui. Evolui o suficiente para perceber o meu caminho. Para saber que os muitos que um dia eu machuquei agora por mim serão tratados. E as muitas vidas que eu tirei, agora eu darei ao menos um pouco de esperança e dignidade. Meus pés estão firmes no chão porque minha alma por Deus está segura. E assim como eu sei do meu passado agora, eu sei de outras coisas. Como eu disse, eu vejo anjos. Alguns desencarnados, outros encarnados. Mas eu reconheço eles em qualquer lugar. E essa pessoa que eu mais amo é um anjo. Tem uma luz que vem dela, não sei explicar. Só quem consegue ver vai entender o que eu digo. E eu morro de medo de ver outros espíritos que não sejam anjos. Tenho medo da escuridão, do preto. Por isso também que eu escolhi o branco. Escolhi a luz. A luz, que é a soma de todas as cores. A luz que alegra meus dias. A luz que eu vejo em alguns encarnados. A luz que eu vejo ao lado de alguns que precisam. A luz que eu não vejo ao lado de alguns que eu acho que precisam. Ainda não perdi minha mania de achar, de julgar. Talvez eles não tenham essa luz ao lado porque estão pagando por algo muito grave como eu já paguei em tantas encarnações. Talvez até em algum momento eu tenha passado por esta mesma situação, não sei. Só sei que às vezes ainda julgo, ainda contesto, ainda reclamo das ordens divinas. Reflexos de outras vidas. Mas vou-me reeducando, alimentando a luz, alimentando os bons espíritos, acreditando nos anjos que vejo e na maneira como os anjos encarnados me ajudam a levar a vida. Obrigada a esta pessoa que eu amo por ter reencarnado apenas para me ajudar a caminhar com minhas próprias pernas. Seu trabalho foi muito bem feito. E às vezes isso me deixa triste, porque sei que sua missão está acabando. Sei que você vai voltar pra aquele mundo maravilhoso da colônia e que eu vou demorar pra chegar lá e vê-la novamente. Vai ficar aqui um vazio, uma falta, um sentimento de que meu anjo não está comigo. Mas eu vejo anjos. Então essa fata será suprida (espero).
Não sei o motivo de estar escrevendo assim, como se eu fosse perder meu anjo agora, imediatamente. Não sei o motivo de uma espírita que vê anjos ter medo desse momento. Não sei. Mas sei que tudo um dia me será novamente explicado. Sei que nada é por acaso. Sei que vou voltar à colônia para aprender ainda mais, para salvar ainda mais, para trabalhar por prazer, como os medicos da ala de recuperação. Eu não tenho o mínimo medo do dia que eu for embora. Meu medo é o dia que meus anjos se forem. Meu medo é não conseguir vê-los especificamente. Meu medo é esse desconhecido, essa desconfiança de que é possível (e provável) que eu não os veja e tenha que caminhar sozinha por longos anos, que lá são segundos. Mas eu vou caminhando rumo a este desconhecido. Eu já sei até mais do que deveria. E um polegar pra baixo algumas vezes me trouxe muitas encarnações e muito sofrimento. Me trouxe uma doença psiquiátrica leve desta vez, com uma inteligência além do normal, comum nessa doença. Sei que não sou normal. Mas não desejo ser. Desejo evoluir com as armas que Deus me deu. Deus me deu dois I's: inteligência e impulsividade. E estas são as minhas armas para retirar as pedras do meu caminho, para transformar grandes pedras em grãos de areia. Gosto dos desafios que eu supero. Gosto também de tentar superar outros. E assim vou vivendo. Até que um dia eu volte pra minha colônia e encontre os meus anjos (tanto os que hoje estão encarnados, como os que já estão desencarnados). Porque eu sei que acordar na colônia e vê-los todos vai ser o momento mais feliz da minha vida eterna...
PS: agora que vi que o dia que eu escrevi isso era uma quarta-feira de cinzas... =X