segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sob o Sol de Sagitário (ainda que o sol esteja de verdade em Leão)

Enfim decidi por tirar as máscaras
Arranquei os moldes que fizeram
Tirei o espartilho
Decidi por ser quem sou
E se quiser
Reclame com o cara lá de cima
Ele quem me fez assim
E nem ele a todos agradou
Que pretenção a minha querer
E algum dia cogitar
Que eu poderia de fato agradar
Mas hoje algo aconteceu
Uma mudança interna
Como se as águas de um rio tivessem quebrado a barragem
Elas inundaram tudo
Inundaram meu coração de mim mesma
E eu gostei de ser eu
Gostei de sentir no meu mais profundo âmago
O gosto doce de ser quem eu sou
Sem me moldar
Sem correr o rio conforme suas margens
Decidi ser novamente um centauro indomado
Decidi atirar minhas flechas
E se doer
Que doa!
Vim aqui pra evoluir
Entender quem sou
E o motivo de estar aqui
Ainda que não saiba exatamente
Mas que desconfie
Vim aqui para ajudar
Para dividir
Para dar um pouco de mim
Mas como dar algo de mim
Se malmente sei quem sou?
Vamos, centauro!
Seja selvagem novamente
Seja bruto e valioso como a ametista encontrada pelo garimpeiro lá de cima
Seja alegre como o amarelo do sol que ilumina seus dias
Aqueça como o fogo que o representa
Mas não esqueça de ter um pouco da melancolia que a noite carrega
E um pouco do mistério que a ausência pode proporcionar
Vai, centauro!
Corre livremente por esses campos que são chamados continentes
Leva um pouco de ti a cada canto
Porque você tem muito a dar
E se hoje você tem motivos para agradecer
É porque um dia
Lá em cima
Alguém disse
"Solte as labaredas que existem em você!"
Pode ser que você tenha demorado a abrir os olhos
Pode ser que tenha demorado a tirar as correntes e sair da caverna
Mas enfim, pôde enxergar a luz
Não se cegou
E pôde libertar-se de uma forma plena
Seja sublime e leve como uma borboleta
Que voa por entre as árvores
E sabe pousar sem fazer barulho
Mas saiba a hora de chegar galopante
E saiba a hora de jogar suas flechas
Atinja o alvo
Porque centauros devem ser precisos
Como um cálculo matemático
Ainda que isso seja apenas poesia.
Não se explique demais
Não tente ser o que não é
Você só tem essa vida
E como diria Vinícius:
"Deve ser intensamente vivida!"
Ainda que nem tudo sejam flores
Você enfim desaguou seu rio
E tornou-se mar
Sêde como suas águas
Forte quando preciso
Quente para os que necessitam
Fria com aqueles que merecem
Misteriosa para os que sabem olhar.
Guarda de ti um pouco
Para que os poetas possam amar
Quebra suas ondas
Molda espuma em água
Molha a areia
Leva alimento
Se deixa salgar
Sêde calmo
Para os que decidem relaxar aos seus encantos
Infinito
Para aqueles que decidem sob você se pôr
Espelho
Para os que decidem em você
Ser a luz do luar

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